A depender do tipo de negócio e do segmento de mercado, as estratégias financeiras e contábeis de uma empresa podem variar muito. Mas uma delas é das principais: como definir o risco de inadimplência ao qual a operação está submetida.
Toda empresa possui em sua composição estratégica um certo patamar de inadimplência que “pode” ser praticado por seus clientes sem comprometer muito a saúde financeira da organização.
Porém, é claro que quanto menos inadimplência, melhor. Muito melhor. É por isso que definir o risco de inadimplência atrelado ao cliente consumidor é uma ação de extrema importância.
Tão importante que trazemos, neste artigo, um verdadeiro raio-x da questão: tudo sobre inadimplência e a definição de seu risco, cálculos e consequências principais que podem ser observadas.
O que significa risco de inadimplência?
Inadimplência é uma palavra velha conhecida de todos nós. Trata-se de uma situação que existe quando alguém — pessoa física ou jurídica — não honra com seus compromissos financeiros até a data de vencimento de uma cobrança.
Em paralelo a isso, e de definição tão simples quanto, temos o risco de inadimplência, que é a probabilidade de um cliente possível consumidor atrasar o pagamento ou simplesmente não pagar por suas compras e pelas dívidas contraídas.
O Brasil é um exemplo de economia que sofre com a inadimplência, principalmente por conta da oscilação da economia. Em tempos de crise e inflação, a inadimplência tende a subir. Índices sociais problemáticos e má distribuição de renda e de riquezas também são grandes fatores.
Como definir o risco de inadimplência?
Afinal, como então saber a probabilidade de uma pessoa atrasar o pagamento ou não pagar suas contas? Exercícios de futurologia?
Nada disso. A resposta é: critério, como resultado de algumas práticas estratégicas que, de maneira geral, ajudam a construir o perfil de crédito do futuro comprador. Algumas dessas práticas são:
Pesquisa sobre o histórico de pagamentos do cliente
Também conhecido como score de crédito, esse tipo de pesquisa e análise leva em consideração todos aqueles boletos que o cliente paga em dia, paga atrasado ou deixa de pagar. É um dos índices mais importantes!
Avaliação da capacidade de pagamento do cliente
Aqui entra a renda declarada do cliente, se possui emprego fixo e estável, bem como bens e garantias financeiras de que ele poderá pagar o valor estipulado para a compra. Uma forma interessante de verificar isso é analisar os 5 Cs do crédito.
Análise cadastral e checagem de informações pessoais
Checagem de dados pessoais, como identificação, endereço com comprovação e outras informações relevantes para o fechamento do negócio e viabilidade da operação. Esse tipo de ação pode contar com apoio tecnológico de soluções como o Assertiva Localize.
Validação de identidade
Aqui o cliente prova que ele é “ele mesmo” e que não se trata de alguém se passando por ele e contraindo dívidas em seu nome. A validação pode ser feita de diversas maneiras, e a biometria facial é uma tecnologia que vem ganhando terreno.
Como calcular a taxa de inadimplência do seu negócio?
Felizmente, o risco de inadimplência não é um conceito abstrato e subjetivo, e sim um dado exato que pode ser definido a partir de parâmetros existentes e conhecidos.
A partir disso, existe um cálculo para definir a taxa de risco de inadimplência, que pode ser feito dividindo o valor total que está pendente de pagamento pelo valor total a ser recebido, considerando em ambos casos um período de 90 a 180 dias.
TI = T90 / TT, onde:
T90 = Total pendente de pagamento no período de 90 a 180 dias
TT = Total a receber no período de 90 a 180 dias
Essa é uma conta bastante simples. Por exemplo, se a empresa deveria receber um total de R$ 20.000,00 em um período de 90 dias e, nesse mesmo período, teve um “calote” de R$ 1.200,00, teremos:
TI = 1.800 / 20.000
TI = 0,09
Para que tenhamos o valor em percentual, multiplicamos o número obtido por 100. Logo, temos que a Taxa de Inadimplência em nosso exemplo é de 9%.
O Banco Central, por meio do Sistema Financeiro Nacional (SFN), aponta que o percentual máximo aceitável para a TI é de 5%. Temos, então, em nosso exemplo, uma taxa mais alta do que deveria — o que pode trazer consequências para a empresa.
O que a inadimplência pode causar nas empresas?
Pode ser até bastante óbvio o tipo de consequência que a inadimplência pode trazer para uma operação. Afinal, trata-se de menos receita do que se esperava e, a depender do tamanho do rombo, muitos setores podem ser impactados.
Vejamos a seguir quatro dos principais problemas que a inadimplência pode trazer para as empresas.
1 – Fluxo de caixa comprometido
Quando os recursos que estavam previstos para entrar em caixa não o fazem, toda a dinâmica que o dinheiro faz fica comprometida — incluindo aqui pagamento de contas, de funcionários e de matéria-prima.
2 – Potencial de investimento e liquidez comprometidos
Menos receita (causada pela inadimplência) leva a menos possibilidade de investimento no crescimento da própria empresa, bem como no uso de recursos para qualquer outra coisa.
3 – Relacionamento com clientes abalado
Inadimplentes são cobrados, e isso com certeza gera muito desconforto em todas as partes envolvidas. O ideal é prevenir para não chegar a esse ponto!
4 – Gastos extras entram na conta
A empresa vai ter que gastar para cobrir o rombo, seja de contas e salários em atraso ou para operar sistemas e processos de cobrança dos inadimplentes.
Palavra da especialista: “A inadimplência saudável varia de acordo com o setor e o tamanho da empresa, sendo importante conhecer a capacidade de risco do seu negócio. Conhecer o mercado e o perfil dos clientes é essencial para definir um percentual de inadimplência saudável para cada empresa.” – Adriana Caldeira – Especialista com mais de 20 anos de experiência no mercado de crédito e cobrança, com trabalhos desenvolvidos no Brasil e no exterior. Fonte. Webinar – Cobrança de CNPJs: as melhores práticas.
Como evitar a inadimplência?
Diante de todas essas questões, torna-se flagrante a necessidade de ação para minimizar ou acabar de vez com a inadimplência. Nesse contexto, nada como um bom passo a passo, não é mesmo? Siga:
Passo 1 – Implantação de política de crédito atualizada
Aqui é importante conhecer seu cliente e sua capacidade de pagamento antes de oferecer crédito ou serviços. Essa prática pode evitar boa parte dos problemas!
Passo 2 – Diversificação das formas de pagamento
O contrário — ou seja, restringir as formas de pagamento — costuma fazer com que alguns clientes deixem de pagar simplesmente por não terem opção.
Passo 3 – Notificação das datas de vencimento
Temos que lembrar também do time dos esquecidos — e, para isso, comunicações e lembretes dos boletos e parcelas a vencer funcionam muito bem. Isso é conhecido no mercado como cobrança preventiva.
Passo 4 – Recompensa aos bons pagadores
Todo mundo adora um desconto, e empresas adoram não ter inadimplentes. Que tal unir as duas coisas? Oferecer benefícios desse tipo para bons pagadores costuma dar resultado.
Passo 5 – Criação de uma régua de cobrança
A régua de cobrança é um instrumento fundamental para a sua empresa ter controle do crédito concedido, dos inadimplentes e também do fluxo de cobrança realizado.
Inadimplência é um tema muito complexo e extenso, como pudemos perceber. Por isso, convidamos você a ler o artigo “Guia completo sobre inadimplência nas empresas“, que está em nosso blog. Aproveite!